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A expropriação da infância *
Maurício Custódio Serafim*


"A criatividade é rara entre os seres
humanos porque trabalhamos demais!"

Atualmente temos o mesmo receituário para aqueles que estão com depressão, na prisão, nos reformatórios ou são menores de rua: trabalho. Na nossa região há até um jeito peculiar de dizer isso: é o nosso "vá baixar uma mina!". Uma frase de efeito que deixa envergonhado qualquer ser que se atreva a se rebelar contra o "sistema". Às vezes a mina é indicada - como se fosse uma espécie de garrafada - até para os casos de homossexualismo, como se ser gay fosse um problema a ser tratado. Mas bem, deixemos isso de lado... O que importa agora é saber que a idéia de trabalho nem sempre teve esse caráter idílico e milagroso.

Foi apenas nestes últimos três séculos que o trabalho - em sua pior forma, o trabalho assalariado, aquele em que se labuta para os outros em troca de dinheiro - começou a ser entendido como o redentor dos males da humanidade. O proverbial "o trabalho dignifica o homem" causaria no mínimo estranheza em outras sociedades que não se identificam com o ethos ocidental moderno - como a indígena - na qual há um espaço para o trabalho, mas bem delimitado, de modo que outras dimensões humanas possam ser bem vividas na comunidade. Eles já sabiam que para se ter uma vida boa deve se trabalhar pouco, no sentido que hoje damos ao termo: uma prática de esforço desprendida por uma pessoa e que está subordinada a um processo de produção. A subordinação nos tira algo que é fundamental para o estar-bem: a liberdade. Quem não gostaria de dormir até mais tarde na segunda-feira? Quem não gostaria de tomar um café assistindo a sessão da tarde num dia frio e chuvoso? Quem não adoraria ficar namorando até as cinco da manhã em pleno dia de semana? Quem já não desejou ter pelo menos uma tarde de folga no dia de semana para levar seus filhos para tomar sorvete e conversar? Você pode? Nem eu! Até foi estabelecida a quarta-feira como o dia internacional do sofá para que não nos esqueçamos que as coisas boas da vida têm limites, e limites bem restritos. Enfim, somos privados de um grau maior de liberdade em nome da produção de coisas e, é claro, fazemos de tudo para nos convencer e convencer os outros de que não importa o que façamos, o essencial é trabalhar, mesmo que seja para fazer algo que, bem no fundinho, desconfiamos que não é lá muito útil.

Foi também na Era Moderna que surgiu a concepção de infância como um período específico de desenvolvimento e que marcou a diferenciação entre a criança e o adulto. Contudo, ainda hoje é comum pensá-la como um ser humano adulto, só que menor, diminuído. A equação "criança = adulto pequeno" se cristalizou tão fortemente que muitas vezes exigimos dela comportamento de gente grande. Dessa forma, a nossa atitude corriqueira de julgarmos pessoas e situações dentro dos moldes de nossas cabeças faz com que "ser criança não signifique ter infância".

A expropriação da infância está presente em todas as classes sociais. A forma velada está nas classes mais ricas, que se justificando na idéia de um mundo cada vez mais competitivo, forçam seus filhos a irem às aulas de inglês, balé ou judô, natação, aulas de música, aulas de reforço nas disciplinas em que foram tiradas notas menores que seus colegas/concorrentes, além, é claro, da escola e de todas as suas atividades. E quanto ao brincar desinteressado? Se sobrar tempo, o que raramente acontece. A criança, nesta situação, está se estafando e se educando para ser um adulto cansado, pois suas energias foram canalizadas para atividades demasiadamente adultas, ditadas por adultos e que amenizam a ansiedade de uma suposta falta de preparação para a vida. Uma ansiedade... dos adultos! Isso quando a criança não é instrumentalizada para compensar frustrações de pais que não puderam se realizar em determinada coisa e vêem em seus filhos a possibilidade de concretizar um sonho perdido... dos adultos!

A junção das idéias do trabalho como panacéia e da criança como um adulto pequeno resultam na forma explícita de expropriação da infância: o trabalho infantil. Essas idéias são o credo não anunciado de grande parte da sociedade que aceita o trabalho infantil como uma solução, antes de considerá-lo um problema. Devido ao trabalho infantil estar se tornando politicamente incorreto essas pessoas concordam cada vez mais discretamente, mas concordam. Elas não se escandalizam em saber - pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo IBGE - que em 2001 havia 5,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 a 17 anos de idade trabalhando no País, e nem se sensibilizam em saber que desses, mais de um milhão não freqüentavam escolas e quase 49% trabalhavam sem remuneração, e das que eram remuneradas, 77% ganhavam um salário mínimo ou menos. A pesquisa mostrou também que um terço das crianças e adolescentes que trabalhavam (cerca de 1,8 milhão) cumpriam jornada integral, o que significa 40 horas ou mais por semana. Um outro dado importante é que no universo do trabalho infantil, mais da metade (51,2%) utilizavam produtos químicos, máquinas, ferramentas ou instrumentos no trabalho, o que aumentaria suas chances de sofrer algum acidente cujas seqüelas levariam para o restante de suas vidas.

Dessa forma, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) em sua publicação A erradicação do trabalhado infantil e a proteção ao trabalho do adolescente (1997, p.10) é necessário desmascarar os três grandes mitos do trabalho infantil que sustenta essa "cultura da concordância". São os seguintes: a) o trabalho infantil é necessário porque a criança está ajudando sua família a sobreviver, mas quando a família se torna incapaz de cumprir esta obrigação, cabe ao Estado apoiá-la, e não as crianças; b) a criança que trabalha fica mais esperta, aprende a lutar pela vida e tem condições de vencer profissionalmente quando adulta, mas o trabalho precoce é árduo e nunca foi estágio necessário para uma vida bem sucedida, ele não qualifica e, portanto, é inútil como mecanismo de promoção social; c) o trabalho enobrece a criança, antes trabalhar que roubar, mas crianças e adolescentes que trabalham em condições desfavoráveis pagam com o próprio corpo quando carregam pesos excessivos, são submetidos a ambientes nocivos à saúde, vivem nas ruas ou se entregam à prostituição. Também pagam com a alma quando perdem a possibilidade de um lar, de uma escola, de uma formação profissional adequada por terem sido jogados em cenários degradados e degradantes.

Mesmo denunciando estes mitos, o que mais se precisa fazer para convencer as pessoas que o trabalho não é bom para a criança? Como convencer que o trabalho é coisa para adulto? Esclarecer que a origem da palavra trabalho vem de tripalium (ou trepalium), um instrumento romano de tortura, cujas variantes em diversas línguas sempre possuíram uma cor sombria, ligada ao sofrimento, tormento e agonia e que, portanto, apenas os adultos devem suportar? Talvez a melhor estratégia seja mostrar os efeitos em curto e longo prazos do trabalho infantil na saúde da criança. Provar que as dimensões física e psicológica são seriamente afetadas em virtude do corpo e da mente da criança não estarem preparados para tripaliare, levando futuramente, já adulto, a pedir benefício ao INSS devido à depressão, problemas na coluna vertebral ou lesão nas articulações e tendões por esforços repetitivos. Se verdadeiramente quisermos eleger a qualidade de vida como um novo valor para a nossa sociedade, teremos que começar pelas crianças, defendendo o que elas realmente devem fazer: estudar e brincar. Para um corpo pequeno e um cérebro em formação, essas são atividades que proporcionam uma espécie de dança dos neurônios, uma dança melódica (e não monótona) necessária para o desenvolvimento pleno das habilidades da criança, principalmente uma em especial, tão rara entre os seres humanos: a criatividade.

*Maurício Custódio Serafim é professor do Curso de Economia na Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc (www.unesc.rct-sc.br) e desenvolve um projeto de pesquisa sobre trabalho infantil na região sul.
Contato: mcserafim@yahoo.com.br

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1/9/2003


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