【丰胸效果】胸部是女性的丰胸产品重要生理特征之一。胸部的健康与美观,直接影响到女性的丰胸外在美与内在美。然而,由于体质与生活习惯的差异,东方女性普遍存在或多或少的胸部问题。其中就有75%以上的女性表示粉嫩公主酒酿蛋丰胸需要丰胸才能使胸部更美观。如何丰胸?因此女孩胸部怎样变大,成了小胸女人最关心的话题丰胸方法

Ética Empresarial
 
Pesquisa:
  QUEM SOMOS
  ARTIGOS
  CDIGO DE TICA
  CONEXES DE INTERESSE
  CURSO PRESENCIAL
  ENTREVISTAS
  ESTUDO DE CASO
  TICA E NEGCIOS
  MONOGRAFIAS
  NOTCIAS
  SALA DE LEITURA
  TESTE DE TICA

      ENTREVISTAS


 
Maria Solange Rosalem Senese *

 

Site - O que vem a ser a FUNAP?

Solange Senese - A Funap é uma Fundação Pública Estadual que tem por objetivo promover a inserção social da mulher e homem presos, através dos programas de educação, cultura, formação profissional e trabalho remunerado.
Possuímos uma rede escolar com mais de 18.000 alunos, em que é oferecido desde a alfabetização até o ensino médio.
No âmbito do trabalho, a Funap mantém unidades de produção próprias instaladas no interior dos estabelecimentos penitenciários, nas quais fabrica desde móveis escolares e de escritório até artigos de confecção em escala industrial. 
A Funap oferece, também, alternativas para empresas privadas se instalarem no interior dos estabelecimentos penitenciários. Contratam mão-de-obra dos sentenciados, qualificam, acompanham o processo produtivo e remuneram esses trabalhadores. Isso representa uma ação de responsabilidade social concreta para empresas que  buscam  ampliar seus negócios com pequenos investimentos, porém de maneira ética. Muitos empresários, que antes terceirizavam parte de seus trabalhos para “cooperativas”, muitas vezes irregulares, buscam essa alternativa que é prevista e regulamentada por lei.
As relações estabelecidas neste trabalho permitem a estes indivíduos atualizar e ampliar seus conhecimentos num convívio social, contribuindo assim para a construção de seu projeto de vida profissional e pessoal. Oferecemos ainda a assistência jurídica gratuita.

Site - Já a ouvi falar da FUNAP em mais de uma ocasião e fiquei impressionada com o seu entusiasmo. Qual o segredo dessa sua vibração ao falar do trabalho que você desenvolve na FUNAP?

Solange Senese- Lidamos com pessoas e empresas em processo de transformação de valores. Novos significados são atribuídos, tanto para o trabalho quanto para as relações sociais vinculadas à cidadania.
O prazer em fazer parte desse contexto é semelhante ao da professora primária que, ao fim de um ano letivo, constata que seu aluno já é capaz de ler, escrever e explorar criticamente o universo que está em sua volta.
Depois desse trabalho, todos saem mudados!

Site - O indivíduo que passou pela carceragem torna-se um excluído. Pode ele ser recuperado e reintegrar a sociedade?

Solange Senese - Acredito que a exclusão, na maioria das vezes, já acontecia antes do aprisionamento. Constatamos que o preso, em sua maioria, é de origem pobre, não recebeu formação escolar adequada e tentou trabalhos informais, como vendedor, pintor ou pedreiro antes do mundo do crime.
O desafio é o de propiciar essa primeira integração à sociedade, mesmo durante o processo de aprisionamento. Imagine que a maioria dessas pessoas só conseguiu vivenciar um trabalho organizado dentro de uma unidade penitenciária. Isso é tão significativo que muitas vezes percebemos a identidade que passam a ter com as empresas que os contratam.
Certamente o encarceramento torna clara a condição de excluído e a mácula fica registrada na hora do retorno. Cabe porém um movimento social abrangente, envolvendo os diversos setores da sociedade, na direção de propiciar alternativas de trabalho remunerado para os egressos advindos do sistema penitenciário, pois são pessoas produtivas e capazes para o trabalho organizado.
Não me parece justo que essas pessoas, e outras que nunca foram presas, dependam apenas de programas sociais governamentais para viverem com dignidade, saindo da linha da pobreza.  É preciso de articulação entre esses setores  na criação de projetos que permitam a esses indivíduos, em situação de risco, alcançarem condição de autonomia, pois são trabalhadores em potencial.

Site - O presídio não é local que atraia o interesse das pessoas. O governo, as empresas e as entidades de terceiro setor abrem algum espaço para ajudar o trabalho desenvolvido pela FUNAP?

Solange Senese- Abrem sim. Temos muitas empresas e ONGs atuando no interior dos estabelecimentos penitenciários.
Porém, a desinformação é danosa para qualquer trabalho, inclusive o social. Imagine que grande parte da sociedade acredita que as penitenciárias são lugares extremamente perigosos e desorganizados, não existindo nenhuma possibilidade de ação. Muitas empresas deixam de contratar mão-de-obra prisional porque acham que é ilegal ou representa risco e escravidão. As instituições, quando se abrem para conhecer os locais, passam a vislumbrar as mais diversas possibilidades.
Por outro lado, é natural que a sociedade como um todo negue que produz pessoas criminosas. Em conseqüência, negam o presídio. Porém, os presídios estão por toda parte. Só no Estado de São Paulo temos 144 unidades prisionais distribuídas por todo o Estado. Temos cidades em que o número de presos é superior ao número de cidadãos livres.
Mesmo com esse cenário, sou otimista em relação ao futuro. Percebo o crescente número de ações e debates voltados para  questões que envolvem o meio ambiente e exclusão social, se estendendo, também, para o público encarcerado e egresso prisional.

Site - Como conseguir que o preso mantenha a dignidade própria do ser humano?

Solange Senese- O sistema penitenciário tem como dever manter o prisioneiro em condição de dignidade. Primeiro é importante esclarecer que o aprisionamento é a pena em si. O resto é considerado sobre pena, devendo ser evitada e banida do Sistema Prisional. Castigos físicos, despojamento do eu, padronização de condutas, isolamento, afastamento da família provocado pelo distanciamento das unidades penais da origem do preso, representam exemplos de sobre pena.  Essa última gestão, no Sistema Penitenciário Paulista, promove um  movimento constante na busca por um cumprimento de pena mais digno.
Para isso, os Agentes Penitenciários recebem formação constante através da  Escola de Administração Penitenciária, que é um grupo de excelência que planeja e implementa  ações voltadas para a formação dos agentes que atuam no Sistema Penitenciário Paulista.
Como em todas as áreas, as pessoas necessitam de formação contínua, sob pena de sofrerem o processo de institucionalização que é maior no sistema penitenciário.

Site - Em uma prisão, considerada modelo, havia uma frase exposta em um mural, mencionando que o saber contido no acervo da biblioteca tornava as pessoas mais livres do que um alvará de soltura. Como você vê a questão da liberdade do preso? 

Solange Senese- “Os corpos estão aprisionados, não as mentes”
Quando entrei no sistema penitenciário, em 1999, atuava como supervisora de educação em 14 unidades penitenciárias. Meu trabalho estava ligado à biblioteca, espaços culturais e na formação dos educadores que lecionavam para os presos. Isso me aproximou muito do público alvo (presos e presas). Precisava conhecê-los!
Nesse período, um quarteto musical, composto por presas da Penitenciária Feminina da Capital, encantava a massa carcerária local com suas composições. Nos shows promovidos na penitenciária, as presas se sentiam como pessoas livres. Num refrão de uma composição musical, “Asas do Pensamento” , encontrei a  razão de um homem preso sentir-se livre.

“Abrindo os braços para a Liberdade.
Abrindo os braços de encontro eu vou...
Eu tenho asas no meu pensamento.
Posso sair ficando onde estou!
                           Beatriz Dantas (prisioneira da Penitenciária Fem. da Capital)

Logo, as atividades relacionadas à escola e ao posto cultural são de fundamental importância para essas pessoas não deprimirem e acima de tudo encontrarem momentos de liberdade no meio de tanto sofrimento. Assim, a auto-estima é encontrada e novos planos para a vida começam a surgir, mesmo na condição de encarceramento.

Site - É possível recuperar a auto estima do preso e renovar nele a esperança de voltar a ser um cidadão como os demais?

Solange Senese - Acredito que sim. Infelizmente as penitenciárias em sua maioria são muito grandes, abrigando cerca de 800 pessoas em média. Ocorre que o processo de recuperação da auto-estima é pessoal e intransferível e as ações planejadas em uma penitenciária normalmente são feitas de maneira pouco individualizada. Daí a necessidade de oferecermos ao preso atividades como trabalho, educação, leitura, teatro e principalmente propiciar o contato com a família.  À medida que o detento aprende novos conteúdos, reflete sobre sua vida e o mundo que o cerca, trabalha e envia algum recurso financeiro para os seus familiares, ele vai resgatando sua crença no potencial para a vida em liberdade.
As unidades penais menores ampliam as possibilidades de otimização dessas ações. Para isso o atual secretário de Administração Penitenciária, Dr. Nagashi Furukawa, criou um modelo de unidade penal que permite maior humanização  da pena. São os Centros de Ressocialização. Nestes lugares, temos um número de presos pequeno e até a arquitetura favorece a ressocialização. Além disso, uma ONG desenvolve ações administrativas e sociais  que visam a otimização na utilização dos recursos públicos bem como na aproximação dos prisioneiros junto ao convívio com familiares e a sociedade.

Site - Há índices de reincidência no crime? Como lidar com os reincidentes que retornam à prisão?

Solange Senese- Sim.  Atualmente os índices de reincidência criminal no Estado de São Paulo  caíram de 60 para 55%. Nos Centros de Ressocialização esses índices são próximos dos 15%, pois o número de presos nesses locais é reduzido e isso  propicia  uma convivência mais pacífica e um atendimento  individualizado.
Atualmente temos emprego para apenas 48% da população carcerária. Logo, mais de 50% dos presos não conseguem renda e isso é muito danoso, pois esses presos não conseguem sequer ajudar a família com o dinheiro do transporte para visita.
Acredito que esse índice de desemprego reflete a dimensão da reincidência carcerária, pois o egresso que não vivenciou o trabalho quando preso, afastou-se da família, tornando mais frágil suas relações com a sociedade, ocasionando revolta quando do seu retorno à sociedade. Uma maneira de resgatar esse vínculo e se aproximar da família  é  adquirindo dinheiro rápido, e isso, só através do ilícito.
Portanto a lida com os reincidentes deve propiciar trabalho remunerado, educação escolar e proximidade com a família.

Site - Como preparar os cidadãos comuns para aceitarem a reintegração do ex-presidiário na vida da sociedade e conviverem com ele?

Solange Senese- Normalmente o preso, quando libertado, volta para o seio da família. Essa família deve estar preparada para esse retorno. Em geral existe muita expectativa do preso e da família para o momento da liberdade. É como se todos os problemas fossem resolvidos com essa liberdade.
Infelizmente essa acolhida é difícil, pois o egresso representa mais uma boca para comer. Com essa pressão, a auto-estima fica comprometida. Nesse momento é comum os antigos “amigos” se aproximarem desse egresso. Aí tudo recomeça. 
A possibilidade de um trabalho remunerado é a melhor solução. Os  cidadãos acreditarão que esse egresso não quer mais voltar para o crime e os “amigos” não conseguirão dissuadi-lo para o crime.

Logo, é importante o empresariado  aceitar e promover a contratação do egresso prisional. Assim, a sociedade como um todo acolherá essa pessoa, que será inserida mais naturalmente ao convívio com o cidadão comum.

 

Maria Solange Rosalem Senese - Gerente Comercial do Programa de Alocação de Mão de Obra da Funap, com formação e experiência  em   Educação de Adultos, Planejamento e Desenvolvimento de Projetos Sociais inclusivos, junto a empresas.
Membro do grupo de Excelência em Ética e Responsabilidade Social do CRA.
30/3/2006


[Verso para impresso] [Enviar para um amigo]



 
Untitled