Rodolfo Leibholz * Entrevista concedida pelo Sr. Rodolfo Leibholz, sócio-diretor da FEMAQ - Fundição, Engenharia e Maquinas Ltda

Site - Qual a sua empresa e em que ramo de atividade se desenvolve?

Rodolfo Leibholz - Nossa empresa é a Femaq que produz aproximadamente 7000 ton/ano de peças fundidas para a indústria automobilística. Produz para o mercado nacional e exporta para a Argentina, México, E.U. A, Alemanha e outros.

Site - Qual a missão, visão e valores da empresa?

Rodolfo Leibholz - A missão da Femaq é produzir para a sociedade bens de produção para desenvolver a sociedade de maneira equilibrada e sustentável. E a visão de seus valores consiste em que sua ação seja sempre analisada sobre sete aspectos que são:

a) Garantir sempre a missão para a qual a empresa nasceu.
b) Produzir garantindo a harmonia interna do ambiente de trabalho, promovendo confiança e respeito entre a equipe.
c) Comunicar-se com todos revelando uma administração transparente.
d) Promover a formação da equipe e incentivar a pesquisa.
e) Relacionamento com o meio ambiente saudável.
f) Relacionamento com a comunidade.
g) E finalmente, manter a empresa lucrativa e financeiramente com indices positivos (Este ultimo é o foco único do capitalismo).

Site - Sua empresa adota um código de ética?

Rodolfo Leibholz - Encarando a Ética como o relacionamento saudável com o ser humano e suas estruturas, poderíamos dizer o nosso código de ética é analisar qualquer ação da empresa sob a ótica dos sete aspectos acima referidos. O respeito a todos eles é imprescindível para que não ocorram distorções, como acontece hoje em dia, onde o sistema só dá valor para o aspecto financeiro e o lucro.

Site - Os dilemas éticos são tratados com muita reserva. Porém, uma vez solucionados, podem ser partilhados com outras pessoas, até mesmo para servir de troca de experiência. Lembra-se de algum caso, que possa ser contado, que foi solucionado de modo satisfatório e engrandeceu os envolvidos?

Rodolfo Leibholz - Após trinta e oito anos de vida da empresa poderíamos dizer que uma organização que atua sem valores ou ética, perde muito porque a sociedade perde a confiança e seus produtos não são mais aceitos. Lembro-me de uma empresa cliente, cujo comprador exigia suborno. Não demorou muito ele foi dispensado e nós voltamos a vender, recuperamos a cliente porque somos transparentes em relação à não entrar no esquema. Quando fornecemos um produto que é produzido levando em conta esses valores, ele toma um significado diferente, ele vem carregado de bens relacionais que fazem a diferença. Poderíamos citar vários exemplos onde o produto é quase uma desculpa para as pessoas tomarem consciência do verdadeiro valor das coisas e passarem a entender bem a diferença entre o ter e o ser. Quando presenteamos uma pessoa com uma rosa, ela chega a se emocionar porque vê naquele presente, bens relacionais, que vão muito além de uma flor.

Site - Que mensagem gostaria de deixar para os jovens líderes empresariais que enfrentam toda espécie de assedio dos contra valores que grassam a sociedade atual?

Rodolfo Leibholz - A mensagem que deixaria para os jovens é que eles precisam despertar para uma nova realidade. Os paradigmas que a Economia pratica hoje são incompletos. E se entrarem no conformismo de não mudar, jamais contribuirão com a sociedade para um mundo melhor e jamais serão felizes porque o sistema hoje não se ocupa deste objetivo.

Site - Como é o dia a dia do empresário que pretende implantar e desenvolver um clima ético em sua empresa?

Rodolfo Leibholz - Quais as pressões que mais causam preocupações, as que vêem dos acionistas ou dos empregados? O empresário que tem essa visão nova é uma pessoa que trabalha muito, mas realizado. Aquele que não se preocupa com a ética é uma pessoa cansada e estressada, porque existe o conflito no seu interior. Em relação aos funcionários e acionistas acho que elas ficariam felizes se soubessem que o trabalho e seu capital produzem mais frutos do que o retorno financeiro. Com efeito, quando consideramos os valores contidos nos seis aspectos acima, além do financeiro, estamos indo de encontro às necessidades dos seres humanos e devolvendo ao trabalho e à vida, a dignidade que possuem.