Site - Como Diretor de Assuntos Corporativos das empresas do Grupo Merck Sharp & Dohme, o que nos pode falar sobre missão, visão e valores da empresa?

Marcos Levy - A visão e a missão da Merck Sharp & Dohme têm como seus alicerces a acessibilidade de produtos inovadores, seguros e eficazes para o maior número possível de pacientes que deles necessitem. Também oferecemos aos nossos funcionários a oportunidade de satisfazerem seus objetivos pessoais e profissionais. Além disso, buscamos o reconhecimento público de que somos uma empresa líder no campo da ética.
Temos como nossos valores principais: (1) comprometimento com clientes; (2) pessoas; (3) inovação/criatividade; (4) empowerement; (5) reconhecimento; (6) integridade e ética; (7) confiança e transparência; (8) respeito/empatia; (9) diversidade; (10) profissionalismo; (11) responsabilidade; (12) receptividade/compreensão; (13) trabalho em equipe; (14) comunidade; e (15) equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Site - Como é encarada a ética empresarial pelas empresas do grupo Merck Sharp & Dohme?

Marcos Levy - Com toda a seriedade que este tópico merece. Desde a metade dos anos 80, a Merck Sharp & Dohme tem dedicado tempo para dar treinamento sobre Ética em Práticas Comerciais a seus empregados. A partir de 1995, os conceitos e a interpretação da empresa sobre ética empresarial foram consolidados em um documento intitulado NOSSOS VALORES E PADRÕES: A Base do Nosso Sucesso, que foi traduzido em 21 línguas e apresentado em forma de treinamento específico para os mais de 65.000 empregados da empresa no mundo. Para que se tenha uma idéia da seriedade com que a empresa encara as questões relativas à Ética, em 1995 foi criado, na matriz da empresa nos Estados Unidos, o cargo de Chief Ethics Officer (Presidente para Assuntos Éticos), que é ocupado desde aquela data pela Sra. Jacqueline Brevard.

Site - Como pode uma empresa ser competitiva e preservar seus princípios éticos, no relacionamento com as autoridades governamentais, com os concorrentes, com os clientes e fornecedores?

Marcos Levy - Eu diria que, a longo prazo, somente as empresas éticas são competitivas. Em uma apresentação feita pelo Dr. Flávio Sehn, então presidente da HP Brasil, ele lembrou bem que, a curto prazo, é muito difícil comprovar que ser ético é lucrativo. A longo prazo, entretanto, é relativamente fácil demonstrar que não ser ético certamente implicará grandes prejuízos. Aliás, há exemplos bem recentes de que isso é a pura verdade.
O mundo não é perfeito, talvez nunca seja, mas está mudando. Visivelmente. Finalmente estamos chegando, de fato, à Era da Ética e da Responsabilidade Social e os governos e o público estão cada vez mais conscientes da importância desses valores. Para se ter uma idéia, basta verificar que já há hoje, no mundo, empresas especializadas em fazer portfolios de investimentos apenas em empresas consideradas como socialmente responsáveis e éticas. Esses investimentos, aliás, costumam dar maior retorno aos investidores.

Site - Para alguém que trabalhe na área de relações públicas e tenha contato com autoridades governamentais, dedicar-se ao lobby seria ético?

Marcos Levy - Sem dúvida nenhuma. É totalmente inconcebível que os eleitores acreditem que os membros do poder legislativo saibam tudo sobre tudo e que, portanto, suas propostas de legislação não necessitem de nenhum subsídio técnico, prático ou teórico daqueles que serão mais ou menos afetados pela nova legislação proposta ou pela alteração da legislação vigente.
Além disso, convém lembrar que a conta dos efeitos gerados pelas novas leis será paga pelos contribuintes, ou seja, pelos eleitores responsáveis pela colocação daquelas pessoas na Câmara Federal e no Senado.
Assim, os eleitores têm o dever cívico de influenciar no processo legislativo, expondo aos Srs. Deputados e Senadores suas preocupações com relação aos projetos que possam afetá-los direta ou indiretamente.
Este exercício, absolutamente imprescindível às boas democracias, é que leva o nome de lobby.
Tráfico de influência, troca de favores espúrios e corrupção nada têm a ver com lobby. São crimes perfeitamente enquadrados na legislação penal brasileira.

Site - A que se deve sua dedicação à Associação Latino-Americana de Ética, Negócios e Economia - Alene?

Marcos Levy - O que mais nos atrai na Alene é o fato de que esta Associação tem buscado uma maior integração entre o mundo acadêmico e o empresarial. Para nós, é muito importante que os conceitos de Ética sejam discutidos desde os bancos escolares já com alguma visão sobre a sua prática no dia-a-dia dos negócios.