Empresas e profissionais têm investido cada vez mais tempo e dinheiro em aquisição de conhecimento. São palestras, treinamentos e cursos de especialização em uma busca obstinada de diferenciação pelo saber. Componente estratégico e instrumento de competitividade, o "know-how", paradoxalmente, está cada vez mais volátil. São poucas as empresas que efetivamente registram avanços na área de gestão do conhecimento. Há cerca de dez anos, a seguradora sueca Skandia surpreendeu, ao colocar, entre os ativos de seu balanço, o capital intelectual. Desta forma, criava um novo paradigma, o conceito de que o saber deve ser visto como um ativo das organizações. Até certo ponto, considerando que vivemos na era do conhecimento, colocar o capital intelectual no balanço deveria ser visto como natural. Entretanto, a realidade é outra.
Uma das discussões mais acaloradas é o da propriedade desse conhecimento. Os profissionais, que o geram em projetos e estudos, tendem a acreditar que são os únicos ou os principais proprietários.
A questão é clara: trata-se de um ativo da organização, pelo qual ela pagou com salários e formação profissional. Os investimentos são consideráveis: as metas para organizações de classe mundial podem chegar a 200 horas de treinamento por funcionário/ano.
É claro que o aprendizado não pode ser "aspirado" da mente da pessoa quando ela se desliga da empresa. E isto indica dois fatos: há um crescimento profissional paralelo, que permanece, e a crescente importância que a gestão do conhecimento deve ter nas empresas.
Medir e administrar bens quantificáveis, como o capital ou equipamentos, é simples, se comparado às dificuldades de medir o conhecimento, que inclui experiências pessoais, competências, sistemas de trabalho, resultados de pes-quisas e ensaios, entre outros. A disciplina de gestão do conhecimento é nova e o tema, complexo.
Muitas empresas não definiram seus processos para cuidar da geração, codificação, disseminação e apropriação do conhecimento - etapas fundamentais para que ele se transforme realmente em um ativo.
Em outras palavras, o desafio está em criar ou descobrir o conhecimento existente; compilar esse conteúdo de forma organizada; fazê-lo chegar a quem fará uso dele; e, finalmente, incorporá-lo à empresa e utilizá-lo, algo fundamental para que o saber se transforme em valor.
Mas há um longo caminho a percorrer. A experiência com centenas de empresas mostra muito desconhecimento do tema. Para as perguntas "como você gerencia o conhecimento?" ou "como sua empresa administra os investimentos empregados nessa área?", as respostas revelam que a vantagem estratégica e o valor do conhecimento sequer são percebidos.
Fonte: Gazeta Mercantil, Administração, 17/10/05
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