Pesquisa realizada pelo Instituto ADVB revela maior maturidade dos projetos em andamento
O investimento empresarial em ações sociais no ano passado recuou 14% em relação a 2003, embora as empresas planejem manter os investimentos e implementar novos projetos ao longo deste ano. É o que mostra a pesquisa anual sobre responsabilidade social nas empresas, realizada pelo Instituto ADVB de Responsabilidade Social, ligado à Associação Brasileira dos Dirigentes de Vendas e Marketing (ADVB).
Em sua sexta edição, a pesquisa, que será divulgada na próxima semana, colheu dados junto a 2.819 empresas, de todos os portes e regiões do Brasil. O investimento em projetos sociais foi de R$ 332,7 mil em 2004. No ano anterior, foram R$ 488,9 mil. Apesar da redução, 58% das empresas pesquisadas pretendem aumentar os investimentos em média em 38% em relação ao volume atual de recursos.
Para Lívio Giosa, diretor do Instituto ADVB, a diminuição na média de investimento não deve ser interpretada como um sinal de arrefecimento da vontade empresarial de custear programas sociais. Para ele, mostra que as empresas progrediram e estão aplicando melhor os recursos em iniciativas sociais. "Os programas em geral se formatam em três anos, que é o tempo necessário para gerar inclusão social. O recuo no investimento pode indicar menos projetos novos, mas mais projetos chegando à maturidade", afirma.
É o caso do Laboratório Aché, que apesar de manter os investimentos, nota um amadurecimento das iniciativas em andamento, focadas no tema saúde. "De três anos para cá, estamos conseguindo potencializar as sementes plantadas por nossos acionistas. Conseguimos envolver toda a cadeia de saúde - fornecedores, médicos, distribuidores e funcionários em alguns dos projetos", explica Pablo Alzogaray, diretor de Recursos Humanos do Aché. O programa "Uma Dose de Vida" angariou R$ 730 mil no ano passado - parte das vendas efetuadas no mês de outubro - que foram repassados para 63 instituições de cuidado com a infância. A empresa tem avançado na contratação de deficientes, segundo Alzogaray.
Outro destaque da pesquisa é quanto ao público-alvo beneficiado pela ação corporativa. Tradicionalmente, as crianças são o foco do investimento social, mas os atuais dados apontam para o jovem como principal beneficiário, em 51% das empresas - em especial em programas voltados à inclusão digital e no mercado de trabalho. Segundo Giosa, do Instituto ADVB, trata-se de um realinhamento das políticas privadas com a nova realidade da população brasileira, que já chega aos 35 milhões de jovens.
Embora a maioria das empresas ouvidas não publique balanço social - 72% - a responsabilidade social já é considerada um assunto de importância estratégica para 89% delas, envolvendo a alta administração em 96% dos casos. "As empresas estão se conscientizando que seu papel vai além do lucro", afirma Giosa.
O Estado de São Paulo, 24/08/05, Economia & Negócios B18