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Motivações indicam conduta ética das pessoas
Professor de ética do ISE, entidade ligada à Universidade de Navarra, conduz discussão sobre o tema entre alunos de MBA; baseado na teoria das Motivações.

Motivação e ética estão diretamente relacionadas. Essa foi uma das principais conclusões apresentadas durante evento conduzido por César Bullara, professor de Ética e Comportamento Humano do ISE (Instituto Superior da Empresa), entidade ligada ao IESE - Business School, da Universidade de Navarra, Barcelona, Espanha. A discussão sobre Ética reuniu mais de 60 alunos e ex-alunos dos cursos do Programa de Educação Continuada em Administração para Executivos da FIA, no dia 25 de setembro. Centradas no mundo corporativo, as pessoas motivadas por diferentes razões agem de modo ético ou não, a partir dos vínculos criados entre funcionário e empresa, numa relação de causa e efeito na qual a conduta dos líderes tem papel fundamental, explicou o palestrante durante o encontro promovido pelo grupo temático "A Empresa do Futuro - Organizações e Técnicas", do Programa de Estudos do Futuro (PROFUTURO).

O tema das motivações foi defendido pelo professor Bullara como referência para que os líderes compreendam as políticas da organização e saibam como implementá-las. "As motivações influem na nossa conduta e nos modificam de algum modo. Percebemos que as políticas empresariais também interferem em alguma medida na conduta das pessoas", afirmou o professor.

Para uma melhor compreensão do tema, o palestrante dividiu as motivações em três blocos, tendo por referência o estudo do teórico do IESE, professor Juan Antonio Perez López, que as classifica em intrínsecas, extrínsecas e transcendentes. Segundo Bullara, as motivações extrínsecas designam os fatores externos relacionados aos benefícios, remunerações e retribuição da empresa ao funcionário que desempenha um trabalho meramente contratual. Já as motivações de caráter técnico-profissional, pelas quais as pessoas vinculam-se à empresa na medida em que suas aspirações profissionais são alcançadas, são consideradas intrínsecas. A identificação do funcionário com os valores praticados pela empresa, a sua missão e a transparência na conduta de todos na organização, fatores sintetizados no desenvolvimento pessoal e na possibilidade de transferir os benefícios das pessoas para a sociedade, são denominados de motivações transcendentes, ou seja, aquelas que criam vínculos duradouros e de lealdade entre as pessoas nas organizações.

Instigados por Bullara alguns executivos presentes no encontro aqueceram o debate tratando de temas marcantes das corporações. Um exemplo foi a análise sobre quais os tipos de vínculo criados pela empresa que priorize motivações extrínsecas. "O vínculo será meramente por interesse", afirmou o professor, enfatizando que a conduta da pessoa neste caso restringe-se a permanência na organização por falta de opção. Os profissionais individualistas que na teoria de López motivam-se extrinsecamente, dificilmente conseguiriam trabalhar em equipe e ter motivações transcendentes, explicou o professor Bullara. De outro lado, a direção da empresa deve refletir sobre como deseja pagar um benefício, individualmente ou coletivamente, pois certamente esta decisão influirá na motivação e, portanto, na conduta dos seus funcionários, completou Bullara. Se as motivações transcendentes forem priorizadas, as extrínsecas e intrínsecas serão conseqüentes. "Exige-se ajustes e malabarismos da pessoa quando as transcendentes não estão bem ajustadas", disse Bullara, pois as duas últimas obtêm resultados em curto prazo, a primeira resulta em vínculos mais duradouros entre o funcionário e a organização.

Para reter os talentos na organização, alguns executivos debateram sobre a necessidade de um mix das três motivações. Outros participantes consideraram os valores éticos da empresa como fundamentais e que devem coincidir com os princípios do funcionário, para que a motivação seja mútua e transcendente.

Segundo Bullara, houve, entre os presentes, um consenso que de acordo com o negócio da empresa as pessoas enfocarão as motivações intrínsecas, extrínsecas ou transcendentes; mas de modo algum o líder poderá desconsiderar esta última, pois os fatores transcendentes são os pilares do negócio, seja ele qual for.



17/8/2007


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