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Verdade e Mentira
 

Gilberto de Mello Kujawski *

 
                        A revista VEJA (18/10/2006) publicou, nas páginas amarelas, entrevista com o filósofo  americano David Livingstone Smith, propalando que o ser humano é mentiroso por natureza e que a mentira é “o pilar das relações sociais”. Afirma que todos somos “programados” para enganar desde os primórdios da humanidade, seja para nos proteger, seja para levar vantagem. O exemplo clássico do mentiroso é o político, que mente por profissão. “A mentira traz vantagens indiscutíveis. Bons mentirosos são mais populares e bem sucedidos. Têm mais status social e melhores salários.” E mais: Mentimos melhor quando não sabemos que estamos mentindo. “Ou seja, quando enganamos a nós mesmos.”

                        Para o entrevistado mentir é algo de tão natural e espontâneo,  tão inocente quanto respirar, nascemos programados para a mentira, e a mentira é o alicerce da sociedade. Temos razão para desconfiar que Smith não está dizendo a verdade, pois se as pessoas mentem tanto por que ele faria uma exceção? De fato, este senhor está mentindo. E o que é pior, com muito pouca competência. Primeiro, levanta-se uma questão lógica nesta defesa da primazia da mentira. A mentira só existe e só é possível porque, antes dela, existe a verdade. Se minto que 2+2 = 5 é porque a verdade é que 2+2 = 4. Se minto que o gato tem três pernas é porque o gato tem quatro pernas. O ouro falso, a bebida e o quadro falsificados pressupõem o ouro, a bebida e o quadro de verdade. A verdade é o pressuposto e a possibilidade de toda e qualquer mentira.  Ela é anterior à mentira, que não se sustenta por si mesma , mas  é o parasita da verdade. Cabe à verdade a primazia lógica e ontológica sobre a mentira.

                        Também não procede a tese de que a mentira é o pilar ou o alicerce da sociedade. Pelo contrário, se baseada na mentira, a sociedade se dissolveria, pura e simplesmente. Que é a sociedade? Sociedade é a união de pessoas convivendo em caráter permanente e dentro de certos padrões culturais e normas de comportamento comuns. Sociedade é união, conjunção de vontades segundo certas normas, em suma, concórdia. A concórdia não significa consenso, unanimidade ou acordo. Sabemos que toda sociedade é conflitiva. Pelo contrário, a concórdia é a disposição de viver junto (as classes, os grupos, as regiões, as pessoas) não obstante as diferenças e discrepâncias dos membros que compõem a sociedade.  O essencial da concórdia é o amor à convivência, a decisão de viver junto na tensão dos conflitos e das diferenças. Portanto, a concórdia representa o cimento, o tecido conjuntivo que une a sociedade e graças ao qual a sociedade existe. E o fundamento da concórdia, da convivência estável entre os homens é a verdade. Como poderia subsistir unido o corpo social se seus membros dissessem uma coisa e fizessem outra, se as promessas não fossem cumpridas, se a palavra não valesse nada, se os contratos existissem para ser rompidos, se fosse livre a falsificação de tudo, da moeda, das construções, dos alimentos, das obras de arte, do conhecimento, etc.? Se a trapaça corresse à solta, impunemente? Não seria o fim da sociedade, da união estável e permanente entre os homens? A prática universal da mentira desagregaria toda a sociedade, subverteria a concórdia, dividiria o corpo social em vários grupos dissociados e hostis entre si, transformando a sociedade no contrário do que ela é, uma di-sociedade.

                        A di-sociedade significa a sociedade voltada contra si mesma, o lugar do crime, da subversão, da insolidariedade, o inferno sobre a terra. Justificar a mentira hoje será absolver o crime amanhã. Então se coloca a seguinte pergunta: como subjugar uma sociedade dissociada em tribos que se querem exterminar reciprocamente? Só pela força, pela imposição violenta das armas, pelo esmagamento da liberdade e de todos os direitos. A apologia da mentira, Mr.Smith, desagrega a sociedade e conduz, fatalmente, à servidão. Era isso que o senhor queria?

                        Mentir na política significa manipular a vontade e desprezar o eleitor. Com a palavra o filósofo espanhol Julián Marías: “Vale a pena escutar aquele que já tem preparada a próxima mentira? Vê-se às vezes – é um mérito da televisão – que alguém se dispõe a mentir; em sua expressão se esboça o gesto que a anuncia. Mas são poucos os que atentam para o que diz um rosto. Como votar naquele que mente, como colocar a própria vida em mãos especializadas nesse ato, dispostas a manipula-la e a servir-se dela com desprezo?” 

                        Conclusão: para a mentira, tolerância zero. Desde a mais tenra idade pais e educadores devem ensinar às crianças não mentir, ensinar com o exemplo, principalmente. Jamais transigir com a mentira nem com os outros, nem conosco, ciente de que mentir para o outro é mentir para si mesmo, e mentir para si mesmo é falsificar-se, vender-se, prostituir-se. Pois a mentira envenena as fontes da vida. “A verdade vos tornará livres” é a palavra evangélica que devemos ter sempre em mente. Estar na verdade consigo mesmo significa ser livre. E quem está na verdade consigo mesmo estará também na verdade com os demais. A verdade nos leva à liberdade, ao contrário da mentira que nos arrasta para a servidão, primeiro com o sucesso fácil, depois com a perda da liberdade e dos direitos pela intervenção sem limites do poder público em nossa vida.                                                 

                       

 

Gilberto de Mello Kujawski, formado em direito e filosofia - PUC/SP. Membro do Instituto Brasileiro de Filosofia (IBF). Autor de livros e colaborador regular dos jornais "O Estado de S.Paulo" e "Jornal da Tarde".






 

 

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1/11/2006


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